terça-feira, 23 de junho de 2009

DECLARAÇÃO POLÍTICA, hoje na ALM

De que (ou de quem) tem medo Alberto João Jardim?


Sr. presidente, sras e srs deputados,

após mais uma vitória eleitoral para o seu currículo (a 42.ª, segundo rezam as crónicas), o presidente do Governo Regional demonstrou rapidamente, e mais uma vez, que convive mal com a democracia e com as escolhas populares.
Mostrou-se sumamente incomodado, vá lá saber-se porquê, com os resultados obtidos pelos únicos partidos que actualmente defendem verdadeiras políticas de esquerda, no território nacional em geral (mais de 20%) e, mais especificamente, na Madeira (mais de 10%).
Não deixa de ser curioso e, diria mais, paradigmático que alguém que apregoa, dia sim dia não, que o povo que o elege, reelege e ‘treelege’, porque é inteligente, acabe por passar um atestado de menoridade a mais de dez mil dos seus conterrâneos por votarem no PCP e no Bloco de Esquerda.
E vem, com ar muito preocupado, anunciar que é necessário tomar medidas, mudar o sistema para que tal não torne a acontecer. Apregoa uma espécie de solução final para os ditos ‘comunistas’. Isto é que é democracia. E da boa…
Ou seja, o político mais prepotente, antidemocrático e ditatorial do país (senão da Europa) – há alguns em África e na Ásia que conseguem ser um bocadinho, mas só um bocadinho, piores que ele –, mais ainda que o actual primeiro-ministro José Sócrates (o que é extremamente difícil), o autoproclamado único importante do seu partido, quer impedir que duas forças com legitimidade democrática se submetam a escrutínio junto dos eleitores e que, caso o façam, se arranje maneira de não serem escolhidos pelos eleitores.
Por esquecimento, ou falta de imaginação, não esclareceu como isso poderia ou deveria ser feito, mas ocorrem-me várias alternativas que deixo como sugestão:
eliminar todos os comunistas e bloquistas será talvez um pouco exagerado, mas nada que não lhe tenha certamente passado pela cabeça, como em tempos não muito distantes se tentou fazer por aqui;
deportá-los seria uma hipótese, não fosse a despesa de ‘despachar’ mais de 10 mil pessoas, pelo menos, para o continente ou mais longe ainda; o que lhe iria causar um significativo rombo na verba para viagens, secretas ou não;
persegui-los seria uma opção válida, pois, ao fim e ao cabo, é aquilo que melhor sabe fazer, com a prática adquirida ao longo de todos estes anos, mas parece que está a deixar de dar resultado, o que se torna um aborrecimento;
denegri-los também é um pouco mais do mesmo, e parece que os eleitores também já não vão nessas cantigas, quando comparam o que eram antes do 25 de Abril de 1974 e são agora os ditos comunistas e a maioria dos barões e baronetes do partido do regime…
Restam, assim, poucas opções neste jogo sujo em que se vai afundando o PSD-Madeira, dirigido pelo presidente do Governo Regional.
Mas podemos aconselhar mais uma e, porventura, a mais indicada para demonstrar que Alberto João Jardim poderá ter razão:
saia da política juntamente com os seus capangas, deixe o terreno livre para as pessoas honestas de espírito – muitas das quais no seu partido – que a única coisa que pretendem é ajudar a população e levar a Região e o país a ultrapassar a crise em que estão atolados, por sua culpa, por culpa de Sócrates e de todos aqueles que acham que os cargos servem para se governarem e não para governarem os que vos elegem.
Aí se veria qual era a verdadeira vontade dos eleitores, sem condicionantes, sem limitações, sem pressões…
A mudança está em marcha e é isso que Alberto João Jardim receia. O tempo dos dinossauros está a chegar ao fim e eles estrebucham em busca de mais uns momentos.
Mas de pouco adiantará. A sabedoria e empenho dos portugueses, com madeirenses e porto-santenses incluídos, vai pôr de novo o país nos eixos, e não é o recurso ao amedrontamento com algo que não existe que esta nova máquina posta em movimento vai voltar atrás ou sequer parar.
E não demorará muito tempo…
Tenho dito

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