sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pode ter muitos defeitos, mas aqui tiro-lhe o chapéu...

Um empresário têxtil da Covilhã anunciou que, apesar da sua empresa "registar prejuízos", vai manter os trabalhadores a prazo que ontem terminavam contrato, por entender que, na crise, o sacrifício deve ser de todos e não só dos operários.

António Lopes, proprietário da fábrica têxtil Fiper, no Teixoso (Covilhã), vai manter os 29 trabalhadores com contratos a prazo que hoje teriam o último dia de trabalho, apesar da fábrica - que emprega 50 pessoas - estar "a registar prejuízos todos os meses". O industrial justifica-se com ganhos noutras áreas de negócio para evitar a dispensa que já tinha comunicado aos trabalhadores.

"Sei o que estes dramas representam dentro de casa. Já fui trabalhador, dirigente sindical e já os vivi. Penso que agora, em tempo de vacas magras, também devo empobrecer um pouco", afirmou à Agência Lusa. Por outro lado, como o fecho de algumas fábricas do sector, "a Fiper é das mais bem equipadas no ramo da fiação com acrílico, lã e poliéster. Por isso, tenho esperança que as coisas acabem por mudar", acrescentou. Em três anos, a fábrica acumula um prejuízo de um milhão de euros, disse António Lopes, que anteriormente esteve no ramo das obras públicas e abriu parte dos túneis da ilha da Madeira com a sua empresa Tecnorocha, que vendeu em 2000 por 35 milhões de euros.

"Ainda ontem [quarta-feira] vendi terrenos e tive uma margem razoável de lucro, que nos deu alguma liquidez e contribuiu para a decisão de passar toda a gente a efectivos", sublinhou.

Na Fiper, os pagamentos "estão em dia". "Devemos 100 mil euros às Finanças, que vamos pagar quando pudermos. Até porque também temos dinheiros a receber", disse.

"Continuam a executar-me e falam em processo-crime. Eu já lhes escrevi e disse que, neste cenário, irei para a cadeia com gosto. Mas que sejam eles a fechar a empresa", afirmou o industrial da Covilhã.

Questionado sobre até quando admite acumular prejuízos na Fiper, o empresário disse: "O futuro a Deus pertence. Eu vou tentar aguentar tanto quanto possível e os despedimentos serão a última coisa possível".



Dêem-lhe uma comenda, já!

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