quinta-feira, 15 de abril de 2010

Isto...

Pum, pum. Está morto!

Foi com algum espanto (e digo algum, porque ao fim de 20 anos na Região já poucas coisas me espantam… muito) que li que a Polícia Florestal abateu indiscriminadamente um conjunto de cabeças de gado (cabras e porcos, segundo parece) que tinha sido solto para poderem escapar às consequências do temporal de 20 de Fevereiro.

Mais espantado fiquei (mas não muito, pelas razões já expostas anteriormente) com as razões aduzidas pelo responsável por aquela unidade, de que se estava a cumprir a lei, que toda a gente sabe que é dura mas que é lei, e que, portanto, animal que aparecesse na mira dos ‘justiceiros’ em local onde não deveria estar era sumariamente abatido, sem apelo nem agravo.

Nada tendo a contrapor à lei, independentemente de ser (ou não) justa ou lógica - foram os governantes eleitos pela maioria que a determinaram, por isso amanhem-se -, fere-me a falta de sensibilidade de todos os intervenientes directos na actuação neste caso: uns, os executores, não quiseram saber de razões, de questões de sobrevivência dos animais, da sua importância e significado para os donos, que, sabe-se lá com que dor de alma, desconheciam o seu paradeiro e só desejavam que estivessem bem. Enganaram-se. Tiraram-nos da frigideira (figurado) para os lançarem para o fogo (literal).

Outros, os decisores, vêm defender a tomada de posição dos primeiros, revelando um primarismo comportamental tanto mais condenável como as acções que protegem, socorrendo-se de subterfúgios eivados de insensibilidade, que só revelam o pouco humanismo (ou devo escrever animalismo?) que possuem.

Numa situação de excepção devem existir comportamentos de excepção, é assim que se medem os Homens! Se a situação não estava conforme a lei, deveria ter-se tentado regularizar a situação sem afectar alguém (e este ‘alguém’ abarca homens e animais), nem que isso desse origem a uma coima ou a outra sanção menor, nunca o abate sem apelo nem agravo de meia dúzia de animais que, por si sós, não iriam agravar aquilo que o ser humano já degradou e que muita influência teve naquilo que aconteceu a 20 de Fevereiro. E, esses, ninguém abateu a sangue frio…

Se o abate puro e simples de animais que apenas estavam a tentar sobreviver à intempérie de Fevereiro é revoltante, mais revoltante se torna quando se sabe que a sua recolha e entrega aos proprietários era viável (como já disse, nem que cobrando os serviços), assim o quisessem os executantes e os decisores. Mas não. Era mais fácil abatê-los e, pior, deixá-los no lugar do abate, com todas as consequências que daí poderiam advir para a saúde pública.

Mais que a falta de respeito pelos seres humanos (seus donos), o que se registou foi uma falta de respeito pelos direitos dos animais, que não tiveram culpa do que aconteceu, que não escolheram para onde poderiam ir, que não tiveram direito de decidir qual o seu futuro; coisa que quase todos os homens têm… menos nesta terra, pelos vistos.

Assim, as conclusões que se podem tirar deste triste evento são que, mesmo em condições de excepção, as ‘autoridades’ não têm meias medidas, levam a lei a sério, e o que quer que esteja à frente das suas armas só tem um destino: o abate!

A solução: usem as urnas e… abatam-nos antes! (urnas… abatam-nos… perceberam???)

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Por causa disto:

http://www.dnoticias.pt/Default.aspx...40410&id_user=

Que derivou disto:

http://www.dnoticias.pt/Default.aspx...30410&id_user=

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Volto a perguntar: quem são os animais?

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