segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma esmola, por favor

Há quem esteja necessitado da nossa caridade. Este fim de semana, o mal intencionado debate acerca do aproveitamento político da pobreza serviu para mascarar esta realidade imperativa. mas eu não me calo: há mesmo quem esteja necessitado da nossa caridade.

Porque ele sofre mais do que os sem abrigo. Os desempregados, nem comparar. Eles recebem caridade, ele desprezo.

A ele falta-lhe tudo, o carinho, a atenção, qualquer coisa que seja, um olhar, um gesto.

Mas era vê-los antes, em fila à porta, a solicitar um favor, eu não me esqueço. Quando se cai em desgraça ninguém olha para o pobre.

Ninguém o respeita. Noutros tempos, era convidado para todas as festas e coktails. Agora viram-lhe a cara se o encontram na rua. Fazem-no esperar nos corredores do ministério e não o atendem. Antes, esperavam uma caixa de robalos, o que fosse, senhor doutor, por quem é, era tudo mesuras, não esqueça a comissãozinha, e cumprimentos à família, senhor engenheiro. Agora, na pobreza, ninguém atende o telefone, ninguém responde, ninguém ajuda.

Sim, já sei, vais dizer-me que já deste alguma coisa. Mil euros, cada contribuinte. Mas o que é isso comparado com o que recebemos? O nome que ficou em Marrocos e no Brasil, em Cabo Verde e na Europa? Mil euros por contribuinte é coisa que se veja? Não, o BPN precisa de mais. Precisa da nossa esmola. Direi mesmo mais: precisa da nossa solidariedade. É Natal, não fechemos os olhos à pobreza. Caridade, há quem precise da nossa caridade.

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Há coisas fantásticas, não há?

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