quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Os delírios do secretário

Invariavelmente, quando o Bloco de Esquerda-Madeira (BE-M) fala sobre a mentira dos números do desemprego na Região Autónoma da Madeira, vem apressadamente a terreiro o secretário regional dos Recursos Humanos desmentir as palavras e, principalmente, os números - coisa em que é especialista -, alegando que não entende as contas do BE-M e que tudo não passa de maledicência e má-fé.
No entender do Bloco de Esquerda-Madeira, o secretário Brazão de Castro não entende, não quer entender e tem raiva de quem entende, continuando, como com um pau de dois bicos, a fazer malabarismos com os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) e com os do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP).
Quando o INE apresentou os ‘resultados’ do desemprego para o 2.º trimestre do corrente ano, apontando para a Madeira a maior taxa de SEMPRE de desempregados na Região (8,2%), o mesmo secretário veio a público desvalorizar os números, minimizando a subida de ‘apenas’ 0,1 pontos percentuais relativamente ao período homólogo do ano anterior (ou seja, 2.º trimestre de 2009, que tinha uma taxa, estimada pelo INE de 8,1%). No entanto, quando o IEFP apresenta os números do desemprego registado naquele instituto no final de Julho - com mais de 14 mil e 600 desempregados registados - o senhor ‘fecha-se em copas’ e pretende ignorar, pelo menos publicamente, que este valor é superior a 12% da população activa da Madeira e Porto Santo, logo, muito superior aos 8,2% do INE.
Talvez ignorando (ou querendo ignorar) as diferentes metodologias usadas por qualquer dos institutos para chegarem aos números públicos e publicados, o secretário regional dos Recursos Humanos passa o tempo a desmentir as declarações do Bloco de Esquerda-Madeira, sem o conseguir fazer na realidade e, mais importante ainda, sem apresentar resultados práticos daquilo que considera medidas efectivas e eficazes do Governo Regional no combate ao desemprego (só se for para os amigos e para os portadores do cartão do partido).
As críticas do BE-Madeira às metodologias usadas quer pelo INE quer pelo IEFP, e aos números díspares que apresentam, são concretas e têm razão de ser. Não se compreende que de um lado se diga que há na RAM 8,2% de desempregados e do outro se apresentem mais de 12% de pessoas sem emprego. É uma diferença de 5 mil pessoas, numa região que tem menos de 130 mil activos. E quando o secretário usa os números que lhe dão mais jeito para enaltecer o que não é mais que o seu fracasso perante o drama do desemprego, isso não é mais do que ‘tapar o sol com a peneira’!
E sim. É verdade que a metodologia usada pelo Instituto Nacional de Estatística é pura e simplesmente de amostragem (x casas, de tantos em tantos números de polícia, em determinada rua, de uma localidade aleatória), fazendo uma análise tipo sondagem de quem está empregado, desempregado ou, pasme-se, inactivo. Sim. Também esta categoria está englobada nos números apresentados pelo INE. Quem não tem trabalho, mas, por variadíssimas razões - como, por exemplo, ter 55 anos e achar que ninguém lhe dá emprego com essa idade -, não procurou trabalho no período de referência
usado pelo INE (normalmente nas duas últimas semanas) não é considerado desempregado pelo instituto, é considerado inactivo!!! Do mesmo modo (ou parecido), quem no período de referência efectuou qualquer ‘trabalho’, mesmo não remunerado ou pago em géneros, mesmo para familiares ou amigos, nem que seja apenas uma hora no tal período, é considerado… EMPREGADO!!!
Assim, é fácil ter uma taxa de desemprego ‘baixa’ e muito aquém da realidade, coisa que o secretário regional dos Recursos Humanos não vê (ou não quer ver…).
Quanto aos números do Instituto do Emprego e da Formação Profissional, embora mais reais - uma vez que as pessoas inscrevem-se, não são uma entidade abstracta - ficam também muito longe do que é real. Para já, todos os inactivos considerados pelo INE não se inscrevem no IEFP, bem como muitos outros milhares que acham que não vale a pena (correcta ou erradamente, não é isso que agora está em causa) deslocarem-se a este instituto quando a taxa de desemprego é tão elevada, bem como todos aqueles que não lhes adianta nada - pescadores, agricultores, etc, etc…
Aquilo que o Bloco de Esquerda-Madeira defende é que haja uma uniformização no cálculo dos desempregados, na Região e no país, não que isso traga alguma satisfação às pessoas que estão nessa situação, mas para que não haja qualquer aproveitamento político dos governantes, que usam os números como lhes convém, para ‘atirarem poeira para os olhos’ da população em geral e, principalmente, para manterem a paz podre que se vive na Região.
Haja dinheiro para campos de futebol, vias expresso, túneis, festas e festarolas, que o senhor secretário Brazão de Castro e restantes membros do Governo Regional ficam contentes e dormem descansados; os que passam dificuldades e têm vidas sem futuro definido não interessam para nada a este Governo e o que importante é que não chateiem…
Da parte do Bloco de Esquerda-Madeira, o senhor secretário não poderá dormir descansado. Estaremos sempre atentos à realidade e não hesitaremos em denunciar os malabarismos useiros e vezeiros usados por Brazão de Castro para esconder a realidade. O que nos preocupa é a população mais desfavorecida e que passa dificuldades, quando outros despudoradamente expõem a sua riqueza de legalidade duvidosa e continuam a lucrar milhões à custa da fome de outros.



Um desempregado é um desempregado a mais!

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