Amanhã é capaz de não haver Governo. E então?
Amanhã, por esta hora, é capaz de já não haver Governo. Significa isto que alguma coisa vai mudar?
Se amanhã deixar de haver Governo, alguma das medidas de saque ao povo, impostas pelo PS, com o acordo do PSD, deixará de ser aplicada? Não.
Se amanhã deixar de haver Governo, a política financeira que nos sangra a carteira, exigida pela União Europeia em função de interesses comandados pela Alemanha, irá mudar? Não.
Se amanhã deixar de haver Governo, vamos continuar a procurar financiamento para a nossa dívida pública aos juros mais elevados dos últimos anos? Sim.
Se amanhã deixar de haver Governo, as agências de rating vão piorar a nossa classificação de risco de pagamento da dívida? Sim, mas se houver Governo também.
Se amanhã deixar de haver Governo, o Estado vai usar melhor o dinheiro dos contribuintes e, em vez de serviço ao clientelismo, teremos melhores e mais racionais serviços para o cidadão? Não.
Num país que entregou, há muitos anos, o essencial da condução das sua política económica à União Europeia, haver ou não haver Governo é apenas um detalhe. O que interessa, como Cavaco Silva definiu nos tempos em que era primeiro-ministro, é Portugal ser "bom aluno" da Europa. Com Sócrates (e provavelmente com Guterres, Durão Barroso e Santana) parece ser verdade que Portugal se portou mal, foi mau aluno e meteu-se em sarilhos. Por isso, a professora Merkel meteu-nos de castigo. E isso, haja ou não haja Governo, parece ser inelutável.
Se o Executivo cair, é quase igual ter depois José Sócrates ou Passos Coelho no poder. Também é indiferente que de um empate eleitoral sobrevenha uma coligação PS/PSD e CDS. Tirando o revanchismo, ajustes de contas entre grupelhos partidários ou a revogação de algumas leis inócuas, continuaremos a caminhar para a desgraçada intervenção do FMI ou para qualquer forma brutal e desumana de retirar aos pobres e remediados para pagar erros de ricos.
A única forma de um Governo fazer uma real diferença para Portugal seria ter um que, pela primeira vez desde 1976, incluísse a esquerda, o PCP e o Bloco, no seu elenco. Aí poderíamos discutir se alguma coisa de verdadeiramente importante mudava...
Resistir à força da política que vem de fora e que formatou, por longos anos, toda a nossa economia é uma tarefa de Hércules, que o centro e a direita não querem realizar. Do próximo Governo, do centro ou de direita, a única coisa que poderemos ansiar é por mais seriedade... Mas, admito, apesar de tudo, isso já não é pouco.
Pedro Tadeu, in DN-Lisboa
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